12 de set. de 2011
Nunca te vi... sempre te amei!
Na madrugada do domingo passado (11/09/2011), durante nosso programa “No Lounge com a Kyssy”, na Club Hits, recebemos uma pergunta de um dos ouvintes que nos fez parar para tratar aqui deste assunto, que, cada dia mais, vem se tornando uma constante no nosso mundo atual: Amor a distância.
Um tema bastante polêmico, mas que não pode, de forma alguma, ser ignorado nos dias de hoje. Mundo globalizado, ritmo acelerado, violência nos circundando, tudo isso favorece que as pessoas se sintam cada vez mais tentadas a imergir no mundo virtual e a se relacionar com as demais pessoas, distantes geograficamente, com as quais não possuem contato físico.
E é claro que, na imersão no mundo virtual, não estamos isentos de nos deixar envolver com as personalidades daqueles com os quais interagimos. Mas, também é óbvio que há de se ter muito cuidado com quem nos relacionamos virtualmente porque nunca se sabe quem, verdadeiramente, está do outro lado. Se no nosso cotidiano, vivemos sendo surpreendidos por atitudes, muitas vezes repugnantes e inimagináveis, de pessoas com as quais convivemos e jamais percebemos seus desvios de conduta, como garantir que nunca seremos vítimas de falsas personalidades, de aproveitadores, ou mesmo, de criminosos em potencial?
Não há fórmulas mágicas para que tenhamos certeza de conhecer com quem estamos lidando porque as pessoas camuflam suas verdadeiras identidades. Muitas vezes, mesmo aquele que dorme ao nosso lado todas as noites, nos surpreende. Quem não se lembra do filme “Dormindo com o inimigo”, interpretado brilhantemente pela também ruivona Julia Roberts e Patrick Bergin? Aparentemente um casal perfeito, mas ele, apesar de ser um homem bonito, bem-sucedido e sedutor, após estar casado, revela, apenas para ela, sua verdadeira personalidade: compulsiva, dominadora e perigosamente violenta. Um psicopata que sentia prazer, sem culpas, com o sofrimento da mulher.
Todos os dias, vimos estampadas nas manchetes dos jornais, notícias sobre a violência que assola o nosso mundo e essas situações, infelizmente, são mais reais do que essa tela que vocês estão usando agora para ler este texto. Portanto, falar sobre as precauções que devemos ter nos nossos relacionamentos virtuais é tão importante quando tratar sobre os relacionamentos reais e físicos do nosso dia a dia.
Assim sendo, vamos voltar à pergunta do ouvinte:
O que fazer se a mulher que eu amo mora do outro lado do mundo, na China?
Tal situação me reporta à linda e instigante história vivida pelos personagens de Anne Bancroft e Anthony Hopkins no filme “Nunca te vi... sempre te amei”, que trata de uma história de amor e gosto por livros entre um homem e uma mulher: ele, vendedor de livros e ela, uma escritora conceituada, que moram em continentes diferentes e que passam a se relacionar através de cartas (nosso e-mail de hoje), o que perdura por mais de vinte anos. Donos de personalidades antagônicas, os dois passam a tratar em suas cartas sobre seus sonhos, esperanças, sofrimentos e alegrias, o que faz com que compartilhem, mesmo a distância, suas angústias e expectativas, fortalecendo um relacionamento notável e durador.
Se compararmos as duas histórias, estaremos frente a frente com situações que se contrapontam. Sim, o termo é este mesmo: contraponto. Duas situações distintas que se completam. Porque o ideal seria uma mediação entre assumir um relacionamento com alguém que pouco se tem conhecimento do íntimo, do interior e com alguém que nunca se viu, ou se viu apenas através da imagem de uma webcam, que nunca se tocou ou se sentiu.
Sou da opinião de que é importante primeiro conhecer o que vai na alma e na essência de uma pessoa e depois conhecê-la de fato, pessoalmente, ao vivo e a cores. É preciso estabelecer uma relação de amizade, de admiração mútua, de cumplicidade. É necessário provocar conversas sobre os mais variados assuntos e situações. É importante saber quais as opiniões e, sobretudo, as reações a respeito dos mais diversos e adversos acontecimentos e fatos, e isso pode e deve ser perfeitamente perceptível através da entonação do outro. E este deve ser um processo longo porque, a princípio, todos nós queremos aparentar equilíbrio suficiente para não assustar o outro. Só que, na convivência diária, ainda que virtual, digamos, na intimidade que vai se estabelecendo mutuamente, algumas atitudes defensivas, algumas camuflagens, vão se dissipando e aí a nossa verdadeira personalidade, enfim, vai se revelando. Ninguém, nem mesmo um psicopata consegue, a longo prazo, se manter inatingível e não permitir que sua verdadeira personalidade, ou falta dela, venha à tona. Já diz o ditado que “um dia as máscaras sempre caem”.
Portanto, respondendo ao nosso ouvinte:
Procure conhecê-la bem, antes de se aventurar numa viagem geográfica para o outro lado do globo terrestre, ou mesmo do outro lado de sua cidade, estado ou país, para não se decepcionar e não investir numa relação que possa se tornar, a curto prazo, motivo de descontentamento em suas vidas. Mas, ao mesmo tempo, jamais desista de seus sonhos! Apenas se dê um tempo. Freie seus impulsos em nome de sua felicidade verdadeira. Até lá, estabeleça, na sua relação com ela, muitos momentos de reflexão, de divertimento juntos. Faça muito sexo virtual, afinal, antes de atingir o corpo ou os órgãos genitais, o sexo começa pela cabeça, pela nossa mente que tem que ser estimulada para produzir os hormônios responsáveis pelo desejo sexual que, se bem estimulados, culminam no orgasmo. Nunca se esqueça do tema de nossa primeira enquete: “Com ser amante de si mesmo”. Não duvide de que para amar o outro tudo começa do seu autoconhecimento, do seu amor a si mesmo. E, sem dúvida, isso implica na necessidade de conhecer bem o seu corpo físico, se masturbar, e conhecer até onde vai sua mente. Por isso, treine muito tudo isso ouvindo a voz de quem você ama. Boa sorte!
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